Escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho – dizem que devemos fazer essas três coisas na vida. Acredito que o primeiro está nesse rol porque a maioria das pessoas têm realmente o sonho de ver sua biografia, seu romance, seu livro de receitas, etc., publicado. Sem dúvida, além de uma realização pessoal, é uma forma de deixar um legado para as futuras gerações.

Mas, como fazer?
Há até pouco tempo atrás, publicar um livro era privilégio para poucos. A pessoa tinha que ter a ideia, definir o título e a estrutura da obra. Em seguida, sobrevinha a questão crucial: qual editora terá interesse em publicar o meu livro?
Hoje, com o avanço digital, essa indagação, outrora crucial, perdeu importância. Pensando grande, mesmo que lançado aos pedaços, em capítulos periódicos armazenados em um blog, você já imaginou que o seu livro pode ser escolhido e dar origem a um grande sucesso da Netflix?! Em outras palavras, um Original Netflix, baseado em fatos reais, inspirado na sua vida!! Então, já imaginou?
Conversei com Bruno Zolotar, diretor de marketing e vendas da editora Rocco e que tem mais de treze anos dedicados à indústria editorial, para trazer informações valiosas sobre o tema. Vamos lá aos ensinamentos deste grande mestre.
Um novo mindset
Primeiramente, mantenha a cabeça aberta para as inúmeras possibilidades de edições existentes. Por isso, ao invés de pensar no seu livro logo como parte das publicações de uma grande editora, responda sinceramente a essa pergunta: eu quero ser publicado ou ser lido?
Porque às vezes, para uma pessoa, o sonho é ser publicado. A obra pode ser vendida para setecentos, até mil pessoas, mas, no entanto, será considerada pouco lida no mercado. Por outro lado, se você tem como premissa ser lido, seja através de livros digitais, audiobooks ou ebooks, o alcance de um iniciante poderá ser muito maior.
É claro que fazer uma análise do perfil da sua audiência é essencial, porque quanto mais jovem for o seu público, mais familiarizado estará com o ambiente digital. Porém, se for uma plateia mais sofisticada e afeita à alta literatura, as plataformas digitais até funcionam, mas os concursos literários são um caminho mais eficiente para alcançar esse grupo.
Amazon e SESC organizam esse tipo de evento, com muito sucesso.
Nesse sentido, em matéria no site do El País Brasil, a economista Eliana Cardoso, já com dois livros de ficção publicados pela Companhia das Letras, chegou a buscar uma editora para publicar o terceiro, Dama de Paus. Diante da negativa, partiu para o Kindle Direct Publishing (KDP), plataforma de autopublicação da Amazon que chegou ao Brasil em 2012. Meses depois, a escritora recebeu a notícia de que tinha ganhado o concurso anual promovido pela gigante do varejo digital.
“É um luxo ter o livro revisto e editado por uma grande editora. Por outro lado, a autopublicação através do KDP é uma saída espetacular“, celebra Cardoso, que embolsou o prêmio de 30.000 reais e verá seu livro impresso pela editora Nova Fronteira. Só para o prêmio promovido ano passado foram 1.500 livros inscritos na Amazon. Certamente, um feito para a literatura, na perspectiva dos infoprodutos do segmento.

O Fenômeno da autopublicação de livros
Em 2017, o mercado americano de autopublicação ultrapassou a barreira de 1 milhão de títulos lançados. Em outras palavras, um índice 40% maior em relação a 2016 e 400% maior em relação a 2013. Nos Estados Unidos, esses títulos já representam mais de 50% da venda total de ebooks e cerca de 30% da lista de mais vendidos da Amazon.
Existem plataformas digitais que publicam até mesmo livros por capítulo. Afinal, isso é bom para conhecer a sua audiência e também saber se ela está gostando do seu material. O site https://www.wattpad.com/ administrado pelo Wattpad Studios também descobre escritores ainda não revelados, autônomos e talentosos e os conecta às empresas globais de entretenimento multimídia.
O que muitos não sabem é que a Amazon tem ferramentas para qualquer pessoa publicar o seu livro, ou seja, você pode publicar uma obra digital sem ter uma editora e, ainda, vendê-lo para o mundo inteiro. A Hotmart também é uma plataforma que ensina o público a produzir o seu próprio conteúdo e os vende como infoprodutos. O aplicativo de edição disponibilizado é muito fácil de usar.
No Brasil, há autores que vivem somente da renda adquirida através da autopublicação, tanto digital, como impressa.
Planejar o Marketing é Tudo
Por mais que seja acessível nos dias de hoje escrever e publicar um livro, é essencial fazer um planejamento de marketing para saber como posicionar bem a obra. Pasmem, nem sempre é necessário uma grande campanha de marketing ou um investimento financeiro pesado para alcançar o sucesso.
A matéria do El País Brasil citada acima informa que autores de sucesso como Nana Pauvolih podem ganhar até 20.000 reais mensais, com picos de 50.000 reais em um bom mês de lançamento. “Mas precisam se empenhar na divulgação das próprias obra”, ressalva Janice Diniz, outra autora independente de sucesso.
Bruno Zolotar explica com mais profundidade todos os passos para uma eficaz divulgação da própria obra, em seu curso Marketing 360 graus, onde compartilha cases que deram certo e que fazem parte do dia a dia dos departamentos de marketing das editoras. Como estruturar e manter a sua audiência é o foco desse prestigiado curso, que é ministrado por vídeo-aulas, pela Universidade do Livro. Seus alunos saem das aulas com um plano de marketing completo para badalar uma autopublicação.
Veja que interessante:
“Às vezes, pequenos movimentos, como uma mudança de capa, fazem com que uma obra volte ou passe a vender mais do que antes”, indicou Zolotar, ao citar um dos livros com o qual trabalhou: Will and Will, de John Green.
“Naquela altura, o sucesso do autor vinha do título A Culpa É Das Estrelas, de uma editora concorrente. Resolvemos lançá-lo também e ir no vácuo do sucesso, uma prática bastante comum na indústria. Trabalhamos bem a comunicação dele, mas as vendas, ainda assim, ficaram aquém do esperado. Uma pessoa da equipe de marketing identificou que a capa do Will and Will não se comunicava com a do livro que fazia sucesso. Além disso, o preço era mais alto. Mexemos nesses dois elementos, e semanas depois de relançado o livro entrou na lista dos mais vendidos”, conta.
O curso ensina o aluno a ampliar o olhar para a sua própria obra, ou de terceiros. Ainda, aborda a importância da capa, do título e dos metadados, da definição da estratégia de comunicação e verba e do marketing voltado para o varejo.
Redes sociais, assessoria e influencers como estratégia na divulgação do livro
Atento às inovações, Zolotar esteve recentemente em um seminário sobre a indústria do entretenimento, em Harvard. As palestras reforçaram seus conhecimentos sobre a importância no marketing estratégico das plataformas de comunicação. Como por exemplo, as redes sociais, da assessoria de imprensa e das parcerias com influenciadores digitais.
“A biografia da Clementina de Jesus é um exemplo interessante: livro segmentado, com tiragem pequena, hoje já na terceira edição pela Civilização Brasileira. Na época, escolhemos o Carnaval como período de lançamento, com três eventos para apresentar o livro ao mercado. Numa época em que a mídia tradicional, no geral, colabora com pautas de livros temáticos. Além de um trabalho de formiguinha para pesquisa de influenciadores digitais e formadores de opinião que ajudaram a garantir um bom andamento para a obra em questão. Nem sempre o objetivo é ser mais vendido, mas garantir visibilidade para o livro e consequente retorno financeiro”.
José Leonídio é um desses exemplos. Autor de A Raposa do Cerrado, Enrendando, Facebookeando e de dois primeiros livros de uma pentalogia – Portais da Liberdade e Os Guardiães. Contudo, a produção dele é tão intensa que lançará um site nas próximas semanas e também profissionalizará as suas redes sociais. Médico, obstetra, ainda atuante, pesquisa a Guanabara há 20 anos e escreve romances. Leonídio está aproveitando a quarentena para finalizar a sexta obra, Safiras de Candinho, um romance que tem o subúrbio do Rio de Janeiro como cenário.
Já decidiu quando vai começar a escrever o seu livro?
Saiba que quando você tiver o seu planejamento de marketing, o público definido e a sua obra conhecida no ambiente digital, será muito mais fácil conseguir que o livro seja publicado pelas editoras. Então, se você tem dúvida sobre o processo de edição até a divulgação, passando por vendas e precificação, busque ajuda profissional.
Por fim, deixo dois ensinamentos que aprendi com Zolotar para a realização dessa matéria: 1- Não foque somente no livro de papel; e 2- Trabalhe a sua audiência por redes sociais.
Mais sobre Bruno Zolotar:
Tem mais de 30 anos de experiência em Marketing, sendo 13 no mercado editorial. É diretor de Marketing e Vendas da Rocco, foi diretor de Marketing do Grupo Editorial Record, além de gerente, na mesma área, da Saraiva Educação. Ministra aulas de marketing do livro na pós-graduação da Universidade Santa Úrsula e é coordenador de cursos livres na área editorial da PUC-Rio
Sobre o curso Marketing 360 graus – Clique aqui.

Sou cofundadora da revista. Amo networking, marketing digital e SEO. Acompanho as mudanças e inovações no mercado de trabalho para trazer tudo fresquinho para vocês sobre esse fascinante tema que é a carreira.
3 Comments
Dicas incríveis, hein Bianca! Vamos começar a planejar o livro da Revista da Carreira?
Bjs
Vamos sim! oba.
Ser publicado, ou ser lido, eis a grande questão…