Ao longo de nossas vidas lidamos com circunstâncias que se transformam em crenças que acabam definindo nossos hábitos, quem somos e onde podemos chegar.
Já pensaram nisso?
O filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), em seu primeiro livro, de 1914, Meditaciones del Quijote, citou aquela que seria, possivelmente, a sua frase mais conhecida:
“Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela não salvo a mim”.
O homem orteguiano, enquanto indivíduo, seria concebido como um todo eu-circunstância, entendendo que o eu e a circunstância estariam indissoluvelmente complicados entre si. De modo que o eu seria tocado e, muitas vezes, preenchido por sua circunstância, provocando modificações em si. Do mesmo modo que a circunstância seria tocada, influenciada e modificada pelo eu.
Com efeito, o lugar onde nascemos, os costumes de nossa família, os amigos que fazemos, o lugar onde estudamos e onde trabalhamos influenciam de forma substancial o que acreditamos. Além disso, como vivemos, quem somos e onde chegamos.
E, isso pode ser bom ou pode ser ruim.
Estou falando aqui desde hábitos de saúde como alimentação, atividade física, consumo de álcool e drogas e qualidade do sono. Estímulos acadêmicos como leitura, interesses pela matemática e pela ciência. Relações pessoais, como habilidade para fazer amigos, influenciar pessoas e fazer networking.
Mas não precisa ser assim.
Podemos viver no Mundo sem pertencer inexoravelmente a ele. Pode parecer coisa de ficção cientifica, mas não é.
O que eu quero dizer aqui é que não precisamos ser levados sempre pelas circunstâncias. Mas para isso precisamos compreendê-la.
Por mais que seja difícil, não podemos nos evadir da circunstância sem nos perder e perder a conexão com o que nos faz ser quem somos. Também não devemos nos absorver nela pois aí não seríamos quem podemos e queremos ser.
Assim, o caminho é conhecer a nossa circunstância e, de certa forma, interagir com ela de maneira a não necessariamente modificá-la, mas conviver não permitindo que ela o limite ou o impeça de crescer. E, nessa perspectiva precisamos encontrar a nossa salvação dentro de nossa circunstância, ou seja no tempo e espaço em que vivemos.
Nesse sentido, o que você deve fazer é não permitir, sem uma consciência e sem conhecimento da verdade, que as circunstâncias a sua volta o influenciem, o deixem desesperado e determinem o seu comportamento e as suas escolhas.
A circunstância muitas vezes te engana. Além disso, muitas mentiras podem estar disfarçadas nas verdades absolutas do Mundo. Então uma forma de não ser levado pela circunstância é entendê-la e conhecer a verdade.
Estamos falando de autoconhecimento e de conhecimento histórico e social.
Assim, desenvolver a habilidade de se entender, saber o que para você é importante, o que te faz vulnerável e o que te motiva é fundamental.
Da mesma forma, é importante entender quais são os fatores históricos que levaram uma sociedade ou organização ser e funcionar de certa forma também o ajudará a entender os caminhos e, se for o caso, até ajudar a reconstruir essa realidade.
Por fim, é fundamental desenvolver a sua inteligência relacional de modo a conseguir ler melhor as pessoas e suas intenções.
Meias verdades são mentiras.
De certa forma, o que eu proponho aqui é que aceitemos que o tempo e o espaço em que vivemos nos influenciam, assim como nós o influenciamos. Em outras palavras, precisamos ser protagonistas de nossas histórias. Contudo, só poderemos fazer isso, com sucesso, ao buscarmos conhecer a verdade e se tivermos a disciplina de desacelerar nossa reatividade, nos permitindo teorizar melhor o que estamos vivendo, compreendendo a nós mesmos, ao Mundo e ao outro.
Assim, poderemos fazer escolhas melhores para que o Mundo não possa nos levar aonde não queremos e para que possamos modificar o Mundo ao nos conectar com ele.
Então, ao olhar para as circunstâncias não devemos esmorecer, não devemos perder a fé e nem abrir mão de seguir rumo ao que almejamos.
Muitas vezes a circunstância o leva a não fazer a coisa certa, pois parece parece que está tudo bem e que é normal no que está sendo feito. Mas você tem que se posicionar e não pode ser nem vítima e nem conivente com o erro.
Contudo, veja que como teorizou o filósofo espanhol, para evoluir, você terá que salvar a sua circunstância. Ou seja, para ter sucesso, você terá que provocar mudanças e essas mudanças serão boas para você e para a sociedade ou organização a que você pertence.
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Sou casada e tenho um filho de 7 anos. Advogada, trabalho como Diretora Corporativa de uma empresa de grande porte do mercado imobiliário, onde lidero as áreas Jurídica e Compliance. A minha rotina é dividida entre o RJ e SP, mas também viajo a trabalho para diversas cidades do país. Gosto muito do meu dia a dia e na minha caminhada aprendi com as melhores referências do mercado e posso ajudar vocês também. Sou atraída por desafios que mudem o status quo e adoro experimentar coisas novas.