Se reinventar é o que Juliana Brittes, CEO do Sound Club App – hoje, também do Sound Club Live App – sabe fazer e faz muito bem. Ao longo de sua trajetória, Juliana, 39 anos, casada e mãe de um casal de 10 e 8 anos, precisou ter, antes de tudo, empatia, resiliência e persistência para não paralisar diante do medo e das incertezas da vida. Com isso, avançou na carreira e, então, hoje está à frente de uma das empresas mais promissoras do mercado digital. Confira conosco a sua história e se inspire, muito!, para lidar – e vencer – em tempos de crise.
Juliana se formou em odontologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mas não poderia imaginar que não seguiria a profissão. “Nunca gostei muito da clínica em si, mas mesmo sem saber o que era empreendedorismo tinha ideias de trabalhar com planos de saúde, algo na área administrativa”.
E foi assim que depois de se tornar dentista teve a ideia de fazer um plano odontológico para associações, mas não deu certo porque dependia de muitos deslocamentos e infinitas reuniões. “Levei um ano para fechar com a primeira associação, batendo de porta em porta, nessa incerteza e com a grana curta”.
E começam as reviravoltas…
Logo após de conversar com seu pai, Juliana resolveu que dedicaria metade do seu tempo à marcenaria da família.
“Meu pai tem uma marcenaria desde que eu tinha 3 anos de idade, porém eu fui criada para casar, sabe?! Isso é trabalho de homem”, dizia meu pai. “Se eu tivesse um filho homem…” , era o que eu ouvia. Mesmo assim, resolvi encarar a ‘fábrica’. Minha mãe quase surtou porque conhecia o meu pai e sabia que não seria fácil para mim. Ele, muito centralizador, era, a princípio, a pessoa que vendia, fazia o orçamento, tirava as medidas, desenhava, recebia, comprava e direcionava para os marceneiros o que deveria ser feito. Mas para mim ele dizia: arruma alguma coisa aí para você fazer!”.
Nesse ínterim, na mesma semana que começou a trabalhar com seu pai, Juliana conseguiu fechar venda de um plano odontológico com uma associação. Mesmo assim, não desistiu do projeto de se aliar a seu pai. “Eu tinha uma sócia na consultoria e dividia o lucro com ela e, por mais que fosse difícil, continuava na luta com o meu pai, recebia um salário fixo e precisava disso. Mas a angústia de não ter nada para fazer ali me deixava muito chateada. E foi assim que resolvi mudar a percepção do meu pai a meu respeito naquele lugar. Aprendi, na cara e na coragem, a tirar medida, a fazer orçamento, a acompanhar as obras… Brigávamos muito!!! Ele não respeitava muito as ideias que eu tinha, me deixava em último plano. Mas eu insistia…”
Quatro anos depois…
Juliana conta que essa relação difícil durou 4 anos até que um dia, trabalhando, ouviu um representante comercial de ferragens comentar que as multinacionais europeias estavam fabricando na China. Vislumbrou, então, a grande oportunidade.
“Eu tinha 27 anos e naquele momento tive a ideia de importar ferragens da China! Liguei para o meu marido e compartilhei com ele!! Ele, que sempre acreditou em mim, me deu a maior força e disse que me apoiaria. Enfim, busquei produtos, testei a qualidade, preço e fui a maior loja de ferragens da minha cidade convencer o dono a comprar uma quantidade relevante de corrediças de gaveta a fim de me ajudar no volume para a primeira importação. Tive que me reinventar. Assim, foi dada a largada na Locks Ferragens do Brasil!”.

Juliana diz que não foi fácil e que somente após 6 meses conseguiu fazer uma única venda, mas não se deixou abater.
“As ferragens ficavam armazenadas na fábrica do meu pai. Ele me perguntava com frequência o que eu iria fazer com a aquilo. “Vender, é claro!”, eu respondia. Mas estava difícil!. Além disso, o representante comercial que conhecia do Rio de Janeiro me dizia que iria vender, que estava certo… e nada! “
O universo conspirou para se reinventar…
Contudo, cansada de esperar, Juliana partiu para seu próprio caminho:
“Foi aí que coloquei alguns pares de corrediças de gaveta na mochila e fui para a maior feira do seguimento em São Paulo, em busca de um representante comercial na capital daquele estado. O universo me trouxe a pessoa certa! E a partir daquele dia o negócio começou a funcionar. Logo depois, um representante trouxe o outro, que trouxe outro… e nós vendíamos ferragens para as maiores madeireiras e grupos de compras do país! Foram quase 10 anos de muito aprendizado! Posteriormente, meu marido veio a ser meu sócio nesse negócio, ele cuidava da parte burocrática da importação, me ensinou muito com o seu comprometimento e eu era a responsável pela estratégia comercial. Visitava clientes com os representantes, ia a feiras do segmento dentro e fora do país. Engraçado naquele momento era pensar que eu fui criada ouvindo que aquela marcenaria era trabalho para homem.” (risos).
Sob a sombra de uma nova crise…
Em meados de 2015, chega ao país uma das maiores crises da construção civil, com forte impacto, igualmente, nas importações da Locks Ferragens do Brasil. Juliana teve que reinventar novamente.
“O dólar subia em disparada. Era hora de pensar em fechar a Locks porque empresa de importação precisa ter capital de giro. Se fechássemos naquele momento, “salvaríamos” um dinheiro que ajudaria a mudar a nossa vida. Por outro lado, se continuássemos, ok! A empresa ainda estava no azul, mas com a diminuição da margem de lucro poderíamos acabar comprometendo esse dinheiro. Além do quê, o prognóstico do negócio não era nada bom!“
No virtuoso ziguezague das circunstâncias…
“A Locks fechou suas portas. Mas eu não conseguia ficar sem trabalhar. Amo! E mal sabia eu que, naquele momento, ainda tinha muito que aprender sobre o mundo dos negócios. Até sabia que eu era uma pessoa extremamente comercial. Contudo, ainda não conhecia as minhas características como empreendedora.“
Na verdade, Juliana ainda não tinha muito ideia de suas habilidades… “Ficava muito preocupada, pois achava que, se eu quisesse trabalhar em alguma empresa, eu não tinha um currículo adequado. O que eu iria fazer?! Será que eu era uma pessoa que não leva as coisas até o final? Uma pessoa perdida? Odonto, marcenaria, importação… Estava insegura, em dúvida sobre meus valores”˜
E brota uma nova ideia…
Depois de um certo tempo, Juliana leu em uma revista uma matéria sobre compra por impulso através do celular e teve a ideia de fazer um aplicativo.
“Eu nunca fui uma pessoa ligada à tecnologia e, por isso, ainda não tinha nem rede social em 2015… Ainda assim, não sei bem porque, me veio essa ideia e eu comecei a pensar sobre isso. Compartilhei com o meu marido o que me veio à cabeça – fazer um aplicativo de música (sou apaixonada por música) – e fui atrás de como viabilizar o projeto. Tenho um amigo (também apaixonado por música) que tinha uma empresa de desenvolvimento de software e, antes de mais nada, resolvi propor a ele uma parceria. Ele adorou e topou desenvolver o aplicativo em troca de sermos sócios dessa empresa. Lapidamos a ideia e construímos juntos o app SOUND CLUB”.

Muitos desafios depois, a plataforma ficou pronta. Agora, só faltavam os artistas…
“Eu não conhecia nenhum artista! Nenhum mesmo! Nem o cara famoso e nem o cara que toca no barzinho!! Foram novos aprendizados. Um longa jornada! Muito autoconhecimento para segurar essa barra. Afinal, ter uma startup é trabalhar em busca de um modelo de negócios repetível e escalável em um ambiente de extrema incerteza! Nesse novo universo eu entendi que meu currículo tinha valor. Que uma pessoa formada em Odonto que se reinventa e funda e lidera uma empresa de importação de ferragens e em seguida parte para uma startup é uma pessoa resiliente, corajosa, de visão… características super necessárias para essa nova era que estamos entrando”.
Num passe de mágica, digo, num passe de talento…
Juliana se tornou a CEO de uma nova e promissora empresa, conseguiu investimento, sócios estratégicos e um time de primeira. Logo após, transformaram-se em incubados na PUC RJ, tudo no caminho, com muitos projetos e perspectivas, quando, de repente – de repente mesmo – o Sound Club parou.
E chega o coronavírus!!!
Parecia inacreditável, mas, do nada, Juliana foi desafiada a começar tudo de novo…
“Veio o isolamento social, a indústria da música ao vivo secou, a minha startup parou. Antes de tudo, naquele dia 16/03/20, vi minha startup minguar. Afinal, uma startup vive do dinheiro de investidores. A gente tinha um time. Contudo, não tinha receita. O que eu faria com todos que estavam comigo nessa jornada, trabalhando no dia a dia, acreditando no novo projeto. E que destino deveria dar aos mais de sete mil artistas que integravam nossa rede?“
Juliana estava muito ansiosa. De repente, em certo dia, fixou-se em seu pensamento a ideia de que na crise há oportunidades. Ao mesmo tempo, um antigo projeto ressurgiu em sua mente:
“Os artistas precisariam sobreviver de música por um longo período de isolamento social. Todos começavam a fazer lives no Instagram, mas eu não via muito futuro naquelas iniciativas meio – digamos – amadoras. Precisávamos de uma plataforma onde o artista pudesse monetizar as suas lives. Pela primeira vez, o meu marido achou que não seria uma boa ideia. Mas, nesse momento, eu já estava completamente inserida no meio musical e sabia do que eu estava falando.”
E nasce uma estrela…

Em mais um lance de coragem, Juliana manteve em rédia curta o destino de sua vida:
“Nós vamos desenvolver a única plataforma de música no Brasil onde o público paga diretamente para o artista!””
Primeiramente, foram dois dias para convencer os seus sócios dessa “pivotada” e, em exatamente 1 mês, a plataforma Sound Club Live estava disponível na Apple Store e no Google Play.
O que eu aprendo e tento mostrar a cada dia para os meus filhos? Nós podemos ser o que quisermos, em qualquer momento de nossas vidas. O que precisamos praticar, para conquistarmos nossos objetivos? Autoconhecimento, empatia, resiliência, persistência, não paralisar no medo. Em outras palavras, essas são as características importantes para enfrentarmos os novos tempos que nos desafiam a cada instante.
Em suma, em um ambiente adverso e de transformações, o SOUND CLUB App promete brilhar. Músicos e ouvintes agradecem. Parabéns Juliana. A Revista da Carreira te deseja um Dia das Mães maravilhoso. Seus filhos têm muito o que celebrar!
Vida longa ao aplicativo SOUND CLUB LIVE !!!
Clique aqui para ler mais matérias inspiradoras!

Sou cofundadora da revista. Amo networking, marketing digital e SEO. Acompanho as mudanças e inovações no mercado de trabalho para trazer tudo fresquinho para vocês sobre esse fascinante tema que é a carreira.
1 Comment
Ótima matéria. Juliana é um exemplo de mulher!